Após eliminação, hora de pensar no futuro do futebol feminino brasileiro
Marta pede mais dedicação a todos para que a modalidade possa crescer no Brasil: "Não vai ter uma Formiga para sempre, uma Marta, uma Cristiane"

O Brasil caiu com coragem. Teve garra, lutou, encarou de igual para igual uma das favoritas ao título. Mas, passada a adrenalina do jogo, a hora é de pensar no futuro da seleção brasileira feminina e do futebol feminino no país.
Valeu cada partida, jogada e grito de quem parou pra acompanhar a nossa Seleção. Guerreiras! Orgulho para o Brasil. Exemplo para meninas que se inspiram em cada uma de vocês e na camisa amarela para trilhar o caminho do futebol. Outros desafios virão e estaremos sempre com vocês! pic.twitter.com/dAmXjNKxHr
— CBF Futebol (@CBF_Futebol) 23 de junho de 2019
Na década passada, especialmente entre 2004 e 2008, a seleção feminina viveu o seu auge. Foi a melhor fase de Marta, Cristiane e Formiga, o que rendeu duas medalhas de prata em Jogos Olímpicos (Atenas 2004 e Pequim 2008) e o vice-campeonato mundial em 2007, na China.

Ao lado do croata Luka Modric, Marta exibe o seu sexto troféu de melhor jogadora do mundo (Getty Images)
Apesar de tudo isso, mais as seis Bolas de Ouro da FIFA que Marta conquistou, fica a nítida sensação de que o Brasil perdeu a oportunidade para massificar o futebol feminino no país.

Formiga disputou a sua sétima Copa do Mundo (Getty Images)
Outras nações começaram a fazer isso, como a Espanha e a própria França, que tem uma liga organizada e um timaço: o Lyon, atual tetracampeão europeu. O bom trabalho gera frutos na seleção, que chegou ao Mundial como uma das principais candidatas ao título.
Após a queda nas oitavas, Marta desabafou. Emocionada, a melhor jogadora do mundo pediu mais empenho para todos que estão inseridos no futebol feminino do Brasil.
- É treinar mais, é jogar mais, é estar pronta para jogar 90 minutos, mais 30 minutos de prorrogação e quantos mais minutos precisar. É isso que eu peço para as meninas. Não vai ter uma Formiga para sempre, uma Marta, uma Cristiane, e o futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Então pensem nisso, valorizem mais. Chorem no começo para sorrir no fim - destacou a craque alagoana.
A camisa 10 e capitã da seleção brasileira frisou também o tempo que o país perdeu para dar visibilidade ao futebol feminino. Algo que deveria ter acontecido lá atrás, com os feitos obtidos em 2004, 2007 e 2008.
- É óbvio que a gente perdeu muito tempo para fazer. Com aquela geração que a gente teve, de 2004 até 2008, era o momento ideal para começar a lapidar outros talentos. Continuar a crescer o futebol feminino. Aquela geração passou. Era um time brilhante. Infelizmente, a gente perdeu o momento de aproveitar aquela grande equipe para dar o apoio necessário. Começar de logo cedo - afirmou a melhor do mundo.

A seleção feminina vice-campeã do mundo em 2007 pede apoio à modalidade; 12 anos depois, pouca coisa mudou (Getty Images)
O futuro da seleção feminina é uma incógnita. Provavelmente, a base do time que disputou a Copa do Mundo deve estar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem.
Aos 41 anos, Formiga manifestou o desejo de disputar a Olimpíada, mas deixou claro que esta foi a sua última Copa do Mundo. Cristiane, que se lesionou contra a França, também encerrou a sua participação em Mundiais, mas estará em Tóquio, se tudo correr bem.
Sobre Marta, ela não confirmou se disputa mais uma Copa do Mundo (estará com 37 anos em 2023). A presença da craque nos Jogos Olímpicos de 2020 é quase certa.