Técnico Alexandre Gama forja carreira de sucesso na Ásia
Alexandre Gama faz carreira de sucesso na Liga Tailandesa e se torna o nome a ser batido nesta temporada

Na pausa para as festas de final de ano, tivemos a oportunidade de bater um papo com Alexandre Gama, ex-técnico e jogador do Fluminense, que atualmente treina a equipe Tailandesa do SCG Muangthong United.
Em um bate papo descontraído na casa dos seus pais no Rio de Janeiro, conversamos sobre a sua trajetória de jogador profissional e seu enorme vínculo com o Fluminense, equipe em que atuou durante muitos anos, desde as categorias de base, fazendo parte da comissão técnica permanente e posteriormente assumindo a equipe profissional.
Alexandre Gama construiu uma carreira sólida como treinador no mercado asiático.
Confira os principais títulos conquistados desde a sua chegada ao futebol Tailandês:
- Thai League Temporada 2013 / 2014 - Equipe: Buriram United
- Thai FA Cup Temporada 2014 / 2015 - Equipe: Buriram United
- Treinador do Ano Temporada 2014 / 2015 - Equipe: Buriram United
- Thai FA Cup Temporada Temporada 2017 / 2018 - Equipe: Chiangrai United
- Thai League Cup Temporada 2018 / 2019 - Equipe: Chiangrai United

Foto: Arquivo pessoal Alexandre Gama
Atualmente morando na capital Bangkok e treinando o Muangthong United, Alexandre Gama contou um pouco da sua carreira, mercado asiático e futebol brasileiro.
Vamos conferir agora os principais assuntos deste bate papo.
Começo de carreira no futebol e profissionalização
Alexandre Gama deu os seus primeiros passos no futebol no Grajaú Country Club, tradicional clube da zona norte do Rio de Janeiro, onde fazia parte da equipe de Futebol de Salão do clube na categoria mirim.
Logo descobriu que a sua verdadeira paixão seria o futebol de campo. Aos 12 anos, participou de uma peneira para ingressar no Fluminense e foi selecionado para as categorias de base, onde permaneceu até a se tornar profissional.
Como meia atacante, Gama foi titular absoluto da equipe que conquistou a tradicional Copa São Paulo no ano de 1989, sendo este, inclusive, o último título da competição conquistado pelo Tricolor Carioca até hoje.

Foto: Arquivo pessoal Alexandre Gama
“Como atleta da base, foi a minha grande conquista. Ali eu dava início a minha carreira como jogador de futebol profissional.” - Alexandre Gama
Após o título da Copa São Paulo, foi contratado por Vanderlei Luxemburgo para a equipe do Bragantino, fazendo parte do elenco que foi Campeão Paulista de 1990 e Vice-Campeão Brasileiro de 1991.
Após o Bragantino, atuou pelo São José dos Campos e por alguns clubes de Portugal, onde encerrou a carreira de jogador precocemente devido a uma lesão no púbis no ano de 1993.
Técnico de Futebol Alexandre Gama
Após encerrar a carreira como jogador, Alexandre Gama definiu que iria continuar no meio do futebol.
Tomou a iniciativa de realizar o curso da Fifa para treinadores e após dois anos se qualificando, obteve o certificado para atuar na profissão.
Retornou ao Fluminense, que lhe abriu as portas para treinar a equipe feminina das divisões de base, onde depois de quatro meses foi levado para Xerém, onde então passou a treinar as equipes masculinas, passando por mirim, infantil até assumir o cargo de técnico interino permanente da equipe profissional.
No ano de 2004, após a saída de Ricardo Gomes do comando da equipe, Alexandre Gama assumiu interinamente como técnico da equipe, sendo efetivado após duas vitórias como técnico definitivo.

Foto: Arquivo pessoal Alexandre Gama
Naquele elenco, comandou uma equipe cascuda, com nomes de peso como Edmundo, Romário, Ramon, Léo Moura e Odvan, finalizando o Campeonato Brasileiro na nona posição.
Iniciou o ano de 2005 no comando da Inter de Limeira no Campeonato Paulista e retornou ao Fluminense neste mesmo ano para comandar a equipe de Juniores.
Muitos imaginam que o retorno às categorias de base do Fluminense seria um retrocesso na carreira de Alexandre Gama, mas foi justamente neste momento que a sua carreira como treinador alavancou.
Alexandre Gama comandou a equipe sub-17 do Fluminense no Título Mundial da Fifa para a categoria disputado nos Emirados árabes.
O título lhe rendeu reconhecimento internacional e foi contratado pelo Al-wahda de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde permaneceu por dois anos.
Retornou ao Brasil apenas em 2008 para uma breve passagem no Volta Redonda, de onde rumou para a Ásia, para trabalhar na liga Sul Coreana, participando inclusive da equipe técnica da Seleção daquele país no ano de 2011.
Ainda retornou ao Brasil no ano de 2013 para comandar o Madureira no Campeonato Brasileiro da Série C, para logo após retornar ao mundo árabe, desta vez no Catar, para treinar o clube Al Shahaniya, onde conseguiu colocar a equipe na primeira divisão daquele país após 35 anos de ausência.
Sucesso absoluto na Tailândia

Foto: Arquivo pessoal de Alexandre Gama
Alexandre Gama chegou à Tailândia em junho de 2014 para comandar o Buriram United na principal liga do país. Ficou impressionado com a estrutura do centro de treinamento.
De lá para cá, foram 14 títulos em 5 anos, entre passagens por outros clubes e Seleção Tailandesa.
Já bastante experiente, ficou impressionado com a estrutura da liga Tailandesa.
A Thai League possui protocolos importantes para os seus participantes e isso tem influência para o crescimento do futebol no país.
Alguns requisitos de participação da Liga Tailandesa de Futebol:
- O clube precisa ter um estádio próprio com capacidade mínima de 22.000 lugares
- Ter uma academia para a formação de jovens
- Ter um centro de treinamento
- Ter um valor financeiro pré-determinado para investimento
- Ser um clube empresa
Perguntado sobre a popularidade do esporte no país, Alexandre Gama diz que o futebol é um esporte bastante popular.
“O Tailandês já nas nasce com o boxe tailandês, o Muay Thai, incorporado, depois disso, vem o futebol, é muito popular, os estádios estão sempre cheios e a cobertura da mídia, tanto para patrocínio quanto para as transmissões são muito fortes.”
“A Tailândia hoje já é considerada a quarta ou quinta força do futebol asiático, perdendo apenas para o alto investimento da China e países como o Japão e a Coréia do Sul que possuem ligas de futebol há mais tempo. Hoje, quando disputamos a Champions League Asiática, entramos para fazer jogo duro, para ganhar, muito diferente do que acontecia no passado, quando os times Tailandeses eram facilmente batidos.”
Futebol Brasileiro visto de longe

Foto: Arquivo pessoal Alexandre Gama
Perguntamos se o técnico tem acompanhado o futebol brasileiro, mesmo com um fuso horário de 10 horas de diferença entre Brasil e Tailândia, Alexandre Gama disse que sempre que acompanha de perto os principais jogos.
Gama ressaltou o aumento do público no último Brasileirão, onde teve a percepção de que o público aumentou bastante em relação a temporadas passadas, o que demonstra que o Campeonato Brasileiro teve uma retomada de público.
A percepção do técnico está correta e é comprovada pelos números, o Brasileirão 2019 obteve a segunda maior média de público da história do Campeonato Brasileiro, sendo superado apenas pela edição de 1983.
As últimas vezes em que a média de público do Brasileirão superou a marca de 20.000 pagantes por jogo foram:
- 2019 - Média de 21.237
- 1987 - Média de 20.877
- 1983 - Média de 22.953
- 1980 - Média de 20.792
- 1971 - Média de 20.360
Abordamos também em nossa conversa o sucesso dos treinadores estrangeiros no Brasil na temporada 2019, onde Jorge Jesus e Sampaoli conquistaram as duas primeiras posições do campeonato com suas equipes.
Gama enxerga com positividade este aspecto, até mesmo por ele ser um estrangeiro treinando um clube em outro país.
Mas a principal questão envolvendo o assunto é a mudança de cultura.
“O treinador Brasileiro tem de entrar para ganhar, se perde dois, três jogos, roda. Os técnicos estrangeiros não chegam com esta pressão, para eles é dado tempo de trabalho, até porque os contratos firmados por esses técnicos estão amarrados para dar esta segurança.”
“O treinador Brasileiro não consegue ter tempo para implantar o modelo de jogo, a cultura de resultados não permite, e isto influencia a maneira de jogar do seu time, muitas vezes você pode precisar mudar o estilo de jogo da equipe para garantir resultado, para se garantir no cargo, e aí vão dizer que você é retranqueiro, que seu time não vai para cima.”
“No Brasil não se valoriza o trabalho, se o modelo de jogo implantado por aquele técnico se adequa às características do seu clube e aos objetivos da equipe, se valoriza o nome. Por exemplo, o meu time atual, quando me procurou, estavam atrás de um perfil de treinador para a equipe, de um modelo de jogo, avaliaram as características que precisavam até chegar no meu nome.”
Perguntado sobre uma possível volta ao futebol brasileiro, Gama afirma que o seu momento na Tailândia é muito sólido e não imagina que isto aconteça em um curto período de tempo.
“Tenho um compromisso com o Muangthong para esta temporada. Vamos brigar por vários títulos e estou completamente focado nisso.”
Alexandre Gama segue para mais uma temporada na Thai League com o SCG Muangthong United.
Atualmente a sua equipe ocupa a nona posição na tabela, mas houveram apenas 4 jogos na competição até o momento, paralisada por conta dos problemas com o Covid-19.
Desejamos sucesso ao treinador na sua jornada pela Tailândia e esperamos contar com ele no futuro para a disputa do Brasileirão.