Planejamento na mira: o que esperar do Brasileirão 2018?
Reforços, apostas na base, técnicos fortes... veja quais são as apostas do Camisa 12 para a temporada

2018. Todas as atenções esportivas voltadas para um grande evento: a Copa do Mundo. Mas, se durante um mês todos os olhares estarão atentos para o que acontece na Rússia, nos outros, todo torcedor tem uma taça na mira. A do Campeonato Brasileiro. Mas afinal, o que esperar do Brasileirão deste ano?
Voltamos a 2002. A CBF, com apoio de alguns clubes, decide que é hora de reinventar o Campeonato Brasileiro: a disputa passaria a ser em formato de pontos corridos. Era o fim do mata-mata. A decisão foi apoiada principalmente pelo São Paulo. Os clubes cariocas, assim como Corinthians e Palmeiras, foram contra a mudança radical. A partir de agora, ganharia quem tivesse o ano mais regular. Planejamento se tornava a palavra de ordem. Ou, pelo menos, deveria.
O ano agora é 2009. Até aqui, nenhum clube do Rio de Janeiro campeão desde a mudança. O futebol carioca ficou para trás. Fim do glamour? O jeitinho carioca não funcionava mais. Funcionou. Flamengo contrariou as probabilidades. Esgotou possibilidades. Com um time pouquíssimo – ou quase nada – planejado, venceu. Campeão depois de 17 anos.
No Brasileirão do ano seguinte, foi a vez do Fluminense. Contando com Fred, jogador nível seleção brasileira, e com reforço financeiro do patrocinador, planejou. Planejou e cumpriu. O Tricolor conquistou a taça em 2010 e em 2012. Seria a volta dos tempos de glória do futebol carioca? Não foi.
Avançamos para 2017. Até agora, 15 edições do Campeonato Brasileiro em pontos corridos. Até agora, nove títulos para times paulistas. Apenas três – aqueles três – para os times do Rio. Os demais foram conquistados pelo Cruzeiro. Qual seria a diferença entre eles?
2018. O que esperar do Brasileirão deste ano? Planejamento. Os principais times na briga pelo título nacional vêm se mantendo nos últimos anos. Times que entenderam a necessidade de se reinventar, deixar as dívidas e os déficits financeiros de lado, e investir, justamente, em planejamento.
O Flamengo é o que mais se destaca neste cenário. Desde o início, em 2013, a gestão atual mostrava um planejamento a longo prazo. Cinco anos depois, o que podemos observar é um time competitivo, com jogadores de destaque nacional e internacionalmente. Batendo na trave nos últimos anos, 2018 pode, enfim, consagrar a gestão empresarial adotada pelo Rubro-Negro.
Enquanto isso, os times paulistas seguem no topo. O Palmeiras, assim como o Flamengo, foi completamente reformulado desde a gestão de 2013. Com um time forte e competitivo, o Alviverde conquistou o título brasileiro em 2016, e ficou com o vice-campeonato no ano seguinte, atrás apenas do Corinthians.
O Timão também merece olhares atentos: foi campeão em duas das últimas três edições do Brasileiro (2015 e 2017). Ao contrário dos outros, a liderança e o planejamento têm base no campo. Fábio Carille, técnico da equipe, será o responsável por, mais uma vez, guiar o time rumo ao topo da tabela. Isso porque o clube vive um momento político instável, sem muito poder de contratação – apesar disso, o ponto positivo é ter mantido a base do elenco heptacampeão.
E quem corre por fora do eixo Rio-São Paulo são Grêmio e Cruzeiro. Atual campeão da Libertadores e da Recopa Sul-Americana, o Imortal se destaca sob o comando firme de Renato Gaúcho. Mesmo desfalcado de peças importantes, como Lucas Barrios, o Tricolor Gaúcho pretende iniciar o Brasileirão com força total. Já o time mineiro, quinto colocado em 2017, aposta na base já formada, mas já tem uma baixa antes mesmo do início do Brasileiro. Fred, principal reforço do ano – o atacante trocou o rival Atlético-MG pelo Celeste – está no Departamento Médico e pode perder a temporada.
Apesar de tantas previsões e expectativas, é fácil lembrar de anos em que fomos surpreendidos – podemos voltar a 2009, com o Flamengo, aqui? – por times que, no papel, não tinham possibilidade de brigar pelo título, e, no final, acabaram levantando a taça. Com tantas mudanças, times, regras e possibilidades, a única certeza que se mantém é que o Campeonato Brasileiro é, sem dúvidas, um dos mais equilibrados do mundo.